VALENTINA * LOXY

quinta-feira, agosto 29, 2002

Nada Seletiva.
O alquimista, guru, compositor, ex-maluco beleza, esotérico, e nas horas vagas escritor Paulo Coelho é o mais novo Imortal da Academia Brasileira de Letras Para alguém que se diz capaz de fazer chover, tornar-se imortal não parece ser tarefa difícil.
É fato que Paulo Coelho já namorava uma vaga na Academia há tempos e que a expressiva vendagem de seus livros pode ter contribuído para a sua aceitação. Ou como ele próprio explicaria: as energias cósmicas conspiraram ao seu favor. Melhor crer nisso do que acreditar que ele tenha sido indicado pela qualidade literária de seus livros. Malditas sejam então essas tais energias cósmicas.
Quem sabe em seu próximo livro ele não nos ensine como conseguiu chegar lá, tudo em linguagem metafórica é claro. E o lançamento, lógico no salão da Academia.
Para a critica só resta ter que engolir o prepotente e exótico imortal.
A academia definitivamente já não é mais a mesma, a se julgar por seus ocupantes. Alguns eu realmente gostaria de saber o que fazem lá:
O cirurgião plástico das celebridades Ivo Pitanguy. Teria ele escrito algum livro realmente significativo entre uma visitinha à ilha de Caras e uma chegadinha a sua clinica particular? Acho difícil, os helicópteros balançam muito.
O ex-presidente José Sarney (Dizem as más línguas, e as boas também, que no Maranhão ele ainda é considerado presidente, o “Presidente Imortal”). Esse sim escreveu um livro, um livro de terror enquanto esteve à frente da política em nosso país. Congelamento dos salários, inflação exorbitante, obras superfaturadas e corrupção foram alguns dos capítulos escritos por este senhor que hoje veste seu lindo fardão nas reuniões formais da Academia.
Roberto Marinho “Deus na Terra”. Que diabos ele faz aqui? Já possui o maior canal de televisão do país e um dos maiores do mundo. Através dele consegue deturpar notícias, favorecer pessoas, derrubar inimigos ideológicos.
Lavagem cerebral em massa? Que nada, ele não precisa escrever livros para isso.
Zélia Gattai. Até que enfim uma escritora, tudo bem que ela viveu a vida toda à sombra do marido: o mais baiano dos baianos (depois de Caetano e ACM, é claro) e também escritor Jorge Amado.Tão logo esse faleceu, ela tratou de ocupar a sua cadeira, e assim continuar à sua sombra. Perpetuando a lembrança e a obra bairrista e chata do falecido marido.
O próximo a fazer parte dessa lista pode ser o entrevistador, intelectual, egocêntrico e escritor Jô Soares, este já demonstrou interesse e por várias vezes especulou uma candidatura a uma das cadeiras da Academia. Resta saber se o Ego inchado de Jô junto com a sua barriga caberá dentro do fardão.
Para a nossa sorte e alívio, Sidney Sheldon não é brasileiro.